Lições do ADA Seminar 2011
Quem não esteve em Marte nos últimos meses deve ter ficado sabendo que o ADA Seminar 2011, pela primeira vez na história, teve uma boa parte do seu conteúdo transmitido ao vivo pela internet, muita gente passou as madrugadas aqui no Brasil com os olhos pregados no monitor acompanhando o Sr Takashi Amano e seu staff plantando pelo menos uma dúzia de layouts diferentes. A ADA Gallery passou por uma verdadeira renovação de seus aquários.
Ao longo dos anos a ADA tem evoluído o estilo Nature Aquarium e adotado diversas variações do mesmo estilo, o Iwagumi por exemplo já conta com seis variações de estilo. Além disso o Amano tem adotado o uso de várias espécies de plantas diferentes ao longo dos anos, como a Utricularia graminifolia, Staurogyne repens, etc. Algumas espécies inclusive sendo introduções dele para o aquascaping como variações específicas de rotalas, etc.
Estilos de Iwagumi, clique para acessar. |
No ADA Seminar transmitido ao vivo e na série de vídeos disponibilizados no Youtube do projeto ADA View, que você pode ver abaixo até o nono vídeo, podemos perceber que mais uma vez a ADA dá um paço a frente e nos brinda com novidades em termos de técnica e de composição de layouts. Infelizmente a empresa ainda não disponibilizou os vídeos do seminário propriamente dito, mas está disponibilizando em vídeo a evolução dos aquários plantados durante o seminário, ao longo das próximas semanas o desenvolvimento sem dúvida será bem mais perceptível do que é atualmente, afinal a maioria dos aquários ainda está na primeira quinzena desde o plantio.
O que tiramos de lição?
1) O plantio no setup inicial
Neste aspecto as diferenças são gigantescas entre o que a ADA mostrou e o que nós costumamos fazer e ver os outros aquaristas fazerem aqui no Brasil. Os setups da ADA iniciam seu processo de estabilização absolutamente plantados, as plantas são introduzidas em quantidade suficiente para preencher quase todo o aquário. Quantidades de plantas generosas são introduzidas imediatamente no setup inicial e as vantagens para o sistema são óbvias: Mais plantas para consumir nutrientes que terão picos altíssimos no início do setup de um aquário que não tem ainda um sistema biológico desenvolvido.
Aquário tomado de plantas já no seu início. |
No aquário acima o substrato está quase completamente tomado por plantas, em um mês certamente este substrato estará coberto com as novas brotações, da forma convencional como estamos habituados a fazer esse mesmo resultado demoraria meses para ser alcançado.
Detalhe do substrato recém plantado. |
As implicações de custo para execução de um layout densamente plantado já no seu início são evidentes, certamente muita gente já pensou até aqui : "mas o custo disso é absurdo! É muito caro comprar essa quantidade de plantas." Infelizmente este é um fato, plantas não costumam ser baratas. Mas podemos planejar o aquário para que o seu setup inicial contemple a maior quantidade possível de plantas e ainda dou um alerta: plante definitivamente. Quanto menos você tiver que mexer no seu substrato depois do aquário já montado menor será a possibilidade de ter problemas. Comprar plantas e propaga-las de forma emersa, como as plantas de carpete, é uma opção totalmente válida. Pense nisso e planeje-se.
Como eu sempre digo: "Aquário plantado tem que começar plantado."
Como eu sempre digo: "Aquário plantado tem que começar plantado."
2) Musgos à Juliana e técnica do esfregão
Este sem dúvida foi um dos momentos mais engraçados do ADA Seminar, de repente o Sr Amano pegou uma porção de musgos e com uma faca parecia que ia preparar uma bela salada à juliana. Ele picou o musgo displicentemente e pronto. Juro que esperei aparecerem torradas a qualquer momento, mas havia outra finalidade para o picadinho de musgos. O Amano então esfregou o picadinho nas rochas vulcânicas e pronto. A rocha vulcânica é o motivo pelo qual avalio que esta técnica seja efetiva, este tipo de rocha é uma verdadeira esponja de pedra, sua porosidade retém boa parte do musgo que depois de alguns dias começa a se estabelecer com aquele aspecto natural de musgos crescendo sobre pedras. Ponto para o Amano.
Musgos crescendo fixados nas rochas vulcânicas. |
Apesar da sua simplicidade não creio que para nós seja possível utilizar esta técnica, até onde percebi ele só utilizou o musgo desta forma em rochas vulcânicas, pela sua característica já comentada acima, e nossas rochas costumam ser do tipo cristalina, sólidas e muito pouco ou completamente desprovidas de porosidade, mas é válido qualquer teste que alguém se disponha a fazer.
Atualização: Obrigado ao Erivaldo Casado que mandou o link para o vídeo, ai está o Amano em pessoa preparando uma porção de Musgos à Juliana:
Atualização: Obrigado ao Erivaldo Casado que mandou o link para o vídeo, ai está o Amano em pessoa preparando uma porção de Musgos à Juliana:
3) Cachepot de Rocha
Esta sem dúvida foi uma das novidades mais exóticas do ADA Seminar. Aproveitando ainda as características das rochas vulcânicas, sua porosidade e o fato delas serem facilmente escavadas, a ADA lançou um novo estilo de plantio: plantas em covinhas escavadas na própria rocha. As grandes pedras foram meticulosamente escavadas e pequenas covas foram abertas para servirem de vaso para espécies como Hemianthus micranthemoides, H. callitrichoides, Eleocharis sp. e Hydrocotyle tripartita ou H. maritima (não tenho certeza da espécie) , mas certamente outras espécies devem aparecer no futuro neste tipo de layout.
Antes de plantar as mudas em seus vasinhos de pedra o Amano os preencheu com um pouco de substrato e depois usou mais um pouco para fixa-las nos orifícios, simples assim. Estou bem curioso quanto a evolução destes layouts.
Covinha com substrato antes do plantio. |
H. micranthemoides em suas covinhas |
Nano com Eleocharis e Hemianthus, sem plantas no substrato. |
Hydrocotyle no vaso e Musgo à Juliana fixado na rocha. |
E o que mais?
A ADA aparentemente anda preocupada com a pirataria de seus produtos, e não é para menos. O mercado está sendo invadindo por produtos genéricos da ADA, inclusive anos atrás houve um caso de falsificação dos substratos das ADA. Estes produtos genéricos tem uma vantagem clara que é o preço, porém um item mais obscuro também mostra sua faceta: a qualidade. Entre os vídeos há alguns momentos em que equipamentos da ADA são comparados em iguais condições de uso ao genéricos da concorrência, a diferença de qualidade entre os produtos fala por si. Em vários outros trechos produtos da empresa são apresentados e um membro da equipe explica sua utilização e manutenção.
A ADA aparentemente anda preocupada com a pirataria de seus produtos, e não é para menos. O mercado está sendo invadindo por produtos genéricos da ADA, inclusive anos atrás houve um caso de falsificação dos substratos das ADA. Estes produtos genéricos tem uma vantagem clara que é o preço, porém um item mais obscuro também mostra sua faceta: a qualidade. Entre os vídeos há alguns momentos em que equipamentos da ADA são comparados em iguais condições de uso ao genéricos da concorrência, a diferença de qualidade entre os produtos fala por si. Em vários outros trechos produtos da empresa são apresentados e um membro da equipe explica sua utilização e manutenção.
Produto similar e Polen Glass original |
De tudo o que fui capaz de acompanhar estes foram os pontos que considerei relevantes comentar. Claro que ainda há muito mais a ser visto, como por exemplo o cuidado minucioso do Amano na seleção das plantas para cada aquascape, ele inclusive mudou de ideia algumas vezes e trocou espécies de plantas no momento do plantio, mas sorte dele que tem um staff numeroso e uma quantidade absurda de plantas a disposição, mas isso só poderemos conferir quando a ADA postar, se postar, os vídeos do ADA Seminar em seu canal do Youtube. Aguardemos.
Excelente!! bela postagêm.
ResponderExcluirEstou fazendo um pequeno cultivo de carpetes, esse sem dúvida é o vilão na montagem, sempre o mais caro e o mais caro.
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